sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

CENTRO ESPÍRITA TEM DONO?

Warwick Mota
"Dá conta de tua administração."- Jesus. (Lucas, 16:2.)

Procurando subsídios para uma palestra, folheava o livro Os Mensageiros¹, quando me detive de forma mais demorada no capitulo 34 intitulado "Oficina de Nosso Lar".

O que alguns anos atrás não me chamou a devida atenção ao ler o livro, desta feita me prendeu de forma especial, mas especificamente à frase em que Isidoro se dirige hospitaleiro a André Luiz:

"Entrem!
 
A casa pertence a todos os cooperadores fieis do serviço cristão"
 
Tal assertiva me reportou imediatamente a um diálogo que tive com um confrade amigo meu, acerca da construção de um Centro Espírita, em que o mesmo fazia questão de afirmar a todo o momento: "vou construir o meu próprio Centro", pois não se encontrava muito à vontade na instituição a que pertencia.
 
Tais afirmações, levaram-me a fazer uma análise do assunto.
 
Alguns irmãos, ao se sentirem melindrados por algum motivo nas instituições a que pertencem, libertam sentimentos negativos, como o egoísmo e o personalismo, e saem a falar em altos brados: "Vou fundar o meu próprio centro". Não estou colocando em questão a iniciativa altruísta cristã de construir um Centro, mas sim a ênfase dada ao pronome possessivo MEU, que nos dá a clara ideia de posse.
 
Estes irmãos, após terem construído os "seus centros," usam de forma mal disfarçada do termo MEU, para imporem regras e empecilhos aos que desejam integrar-se às tarefas enobrecedoras da casa, colocando explicitamente o personalismo nas tarefas que foram distribuídas anteriormente.

Quando estes donos, presidentes e detentores também de outras tarefas e "cargos" da casa, são procurados por trabalhadores da instituição que discordam das suas linhas de pensamento, fazem prevalecer as suas condições de "donos de Centro" e suas opiniões se sobrepõe a tudo.

"Quem não estiver satisfeito que procure outra casa, aqui eu mando."
 
Esquecem porém que um grupo espírita é um templo aberto à necessidade e à indagação de todas as criaturas, que não se resume, simplesmente, a simples propriedade particular, mas na sua profundidade maior, à condição de escola de amor cristão, de hospital, de oficina de trabalho e, especialmente, de nossos irmãos desencarnados, que trabalham para o Cristo.

Tais lembranças reportam-me a ensinamentos de Emmanuel, no livro Fonte Viva: "Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura detém possibilidades enormes no plano em que moureja".
 
1 - Os Mensageiros, livro da série André Luiz (FEB)
(Publicado na revista O Espírita -Sodec em 1993)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ECOLOGIA E ESPIRITISMO

Por Warwick Mota    Vivenciamos na atualidade o limiar de uma grande transição: eventos sociais e físicos eclodem em todo o planeta demonstr...