sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

UM CONVITE INTERESSANTE

Warwick Mota

Allan Kardec ao publicar a primeira edição de O Evangelho Segundo o Espiritismo em abril de 1864, legava para a humanidade a chama confortadora da lei evangélica interpretada à luz dos ensinos espíritas, então iniciados em 18 de abril de 1857 com a publicação de O Livros dos Espíritos, como também viabilizava sua relação interativa com os mais diversos problemas do homem.

A publicação de O Evangelho, veio sem qualquer receio de afirmar, ampliar o toque de amor dado a obra de Kardec, compondo a trilogia, Evangelho, Mediunidade e Espiritismo. O conteúdo moral explícito em suas páginas propõe ao homem a necessidade imediata da reforma íntima, através da assimilação pela exemplificação, dos ensinos propostos pelo Cristo. 

Apesar da grande dificuldade que temos em exteriorizar ensinamentos evangélicos por intermédio dos exemplos, dado à nossa pouca evolução, o Evangelho nos convida à mudança interior balizada nas propostas do Mestre Jesus, que se resume no exercício diário de amor ao próximo. 

As proposições orientadoras contida nesta obra, não se prestam a uma simples leitura fortuita, mas a um envolvimento maior no sentido de estudo e absorção de suas máximas, nos levando a reflexões, que só os ensinamentos de Jesus podem proporcionar.
O Codificador percebendo a grandeza da obra e a sua importância para a humanidade, nos chama a atenção para os seguintes ensinamentos, já na introdução, item primeiro, parágrafo último, dos objetivos da obra. 

"Esta obra é para uso de todo mundo; cada um nela pode achar os meios de conformar sua conduta à moral do Cristo. Os espíritas nela encontraram por outro lado, as aplicações que lhes concernem mais especialmente. Graças às comunicações estabelecidas, de hoje em diante de um modo permanente com o mundo invisível, a lei evangélica, ensinada a todas as nações pelos próprios Espíritos, não será mais letra morta, porque cada um a compreenderá, e será incessantemente solicitado em praticá-la pelos conselhos dos seus guias espirituais. As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vem esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho". 

Diante de tais palavras, a necessidade de reforma cala fundo em nossas consciências, propondo mudanças urgentes, principalmente em nós espíritas que a tanto propalamos, mas que, temos tristemente dado maus exemplos, seja pelas dissensões que causamos no movimento espírita, pela adulteração dos postulados Kardequianos, pela comercialização indevida daquilo que não nos pertence, e por tantos outros fatores que não vale a pena citar.

As palavras do Mestre lionês dispensam qualquer comentário, e suas afirmações são claras quando diz. "As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes de céu que vem esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho".

(Publicado na revista Reformador de agosto, 1996)

CENTRO ESPÍRITA TEM DONO?

Warwick Mota
"Dá conta de tua administração."- Jesus. (Lucas, 16:2.)

Procurando subsídios para uma palestra, folheava o livro Os Mensageiros¹, quando me detive de forma mais demorada no capitulo 34 intitulado "Oficina de Nosso Lar".

O que alguns anos atrás não me chamou a devida atenção ao ler o livro, desta feita me prendeu de forma especial, mas especificamente à frase em que Isidoro se dirige hospitaleiro a André Luiz:

"Entrem!
 
A casa pertence a todos os cooperadores fieis do serviço cristão"
 
Tal assertiva me reportou imediatamente a um diálogo que tive com um confrade amigo meu, acerca da construção de um Centro Espírita, em que o mesmo fazia questão de afirmar a todo o momento: "vou construir o meu próprio Centro", pois não se encontrava muito à vontade na instituição a que pertencia.
 
Tais afirmações, levaram-me a fazer uma análise do assunto.
 
Alguns irmãos, ao se sentirem melindrados por algum motivo nas instituições a que pertencem, libertam sentimentos negativos, como o egoísmo e o personalismo, e saem a falar em altos brados: "Vou fundar o meu próprio centro". Não estou colocando em questão a iniciativa altruísta cristã de construir um Centro, mas sim a ênfase dada ao pronome possessivo MEU, que nos dá a clara ideia de posse.
 
Estes irmãos, após terem construído os "seus centros," usam de forma mal disfarçada do termo MEU, para imporem regras e empecilhos aos que desejam integrar-se às tarefas enobrecedoras da casa, colocando explicitamente o personalismo nas tarefas que foram distribuídas anteriormente.

Quando estes donos, presidentes e detentores também de outras tarefas e "cargos" da casa, são procurados por trabalhadores da instituição que discordam das suas linhas de pensamento, fazem prevalecer as suas condições de "donos de Centro" e suas opiniões se sobrepõe a tudo.

"Quem não estiver satisfeito que procure outra casa, aqui eu mando."
 
Esquecem porém que um grupo espírita é um templo aberto à necessidade e à indagação de todas as criaturas, que não se resume, simplesmente, a simples propriedade particular, mas na sua profundidade maior, à condição de escola de amor cristão, de hospital, de oficina de trabalho e, especialmente, de nossos irmãos desencarnados, que trabalham para o Cristo.

Tais lembranças reportam-me a ensinamentos de Emmanuel, no livro Fonte Viva: "Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura detém possibilidades enormes no plano em que moureja".
 
1 - Os Mensageiros, livro da série André Luiz (FEB)
(Publicado na revista O Espírita -Sodec em 1993)

PALESTRANTES E PALESTRAS


Warwick Mota  

Sempre que se fala em reunião pública, pensamos logo em palestra, e, por via de consequência, imaginamos quem será o expositor e qual será o tema a ser apresentado no dia. É sempre motivo de expectativa, por parte do público assistente, o tema a ser abordado pelo palestrante.

A palestra espírita constitui-se, nos dias atuais, num dos grandes mecanismos de divulgação da Doutrina, principalmente para as pessoas que estão chegando pela primeira vez à Casa. A mensagem renovadora e esclarecedora que passa o expositor tem, como objetivos principais, o despertar de consciências e a valorização de aspectos espirituais esquecidos que conduzem o homem a uma participação efetiva no processo evolutivo da humanidade.

Como sabemos, muitas pessoas buscam a Doutrina Espírita na certeza de que vão encontrar respostas concernentes para suas dúvidas e aflições. É aquela famosa frase: se não chegamos pelo amor, chegamos pela dor. Os conceitos impostos ao longo dos tempos pelas religiões ortodoxas trazem o questionamento pessoal de valores espirituais e levam pessoas a procurarem um argumento forte que satisfaça suas dúvidas.


Há um dito popular que diz que a primeira impressão é a que fica, e, no caso, o papel do expositor é de extrema importância para a transmissão de conceitos renovadores, a exposição balizada no evangelho de Jesus, nas obras básicas de Kardec, ou em obras de alto cunho doutrinário, como as de Léon Dennis, Gabriel Delanne, Herculano Pires etc., que realçam o caráter da pureza doutrinária, dirimindo dúvidas, e, por extensão, trazendo esperança e conforto a corações aflitos.


Logicamente nós, Espíritas, sabemos que o papel das palestras não se resume simplesmente em esclarecer os encarnados, pois que há um envolvimento maior no contexto, e que essa dinâmica gira entre o plano físico e extrafísico; é aí que entram as nossas companhias espirituais. Cabe-se observar, ainda, que, quando nos acomodamos em um banco, de um salão de palestras, trazemos a nossa psicosfera pessoal alterada em função dos nossos problemas vividos ao longo do dia, e que as pessoas que nos cercam trazem problemas idênticos ou diferentes dos nossos, o que já envolve a psicosfera do ambiente.


Nós carregamos conosco nossas companhias espirituais, que nos acompanham ao Centro e se acomodam junto a nós, nos bancos do salão, tendo participação efetiva na psicosfera do local. À medida que o expositor desenvolve o assunto, acontece a mudança espiritual no ambiente, pois se modifica o teor das vibrações, por meio da uniformização dos pensamentos.


É justamente a figura do expositor que nos chama atenção. A falta de preparo e o pouco conhecimento da Doutrina podem trazer sérios problemas. A responsabilidade de quem assume a tribuna espírita é muito grande, pois os comprometimentos são muitos. A abordagem de forma pessoal, de assuntos que requerem conhecimento doutrinário, pode afastar para sempre aquele que chega pela primeira vez à Casa.


A ambição de alguns em subir à tribuna é, no mínimo, preocupante, pois o objetivo, no caso, não é levar o Espiritismo ao público, mas, sim, buscar o status de orador espírita. Para isso, usam dos mais variados artifícios; esquecem que devem ter estilo próprio e se preocupam em imitar grandes expositores, inclusive nos gestos, ou, então, limitam-se a decorar longos trabalhos recheados de um vocabulário altamente prolixo, que, logicamente, vai prender o público mais no significado das palavras, do que na mensagem.


A preparação do palestrante é de fundamental importância. A observação cuidadosa dos assuntos a serem abordados e o cuidado em citar Jesus e Kardec nas exposições trazem, com certeza, a boa inspiração por parte da espiritualidade maior e proporcionam um melhor feedback do público.



           
 
 
           

ECOLOGIA E ESPIRITISMO

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