quinta-feira, 10 de março de 2011

ONDE ESTÁ A VOSSA FÉ?


Warwick Mota

É praticamente impossível eleger entre os vários episódios da vida de Jesus, o que detenha mais importância, ou que traga uma fonte de ensinamento maior, todos eles indistintamente adequam-se e contextualizam-se às mais diversas necessidades de aprendizado do homem.

Particularmente nos chama a atenção nos dias hoje, talvez até pela conjuntura atual do planeta, a passagem que envolve Jesus e seus discípulos na travessia do Lago de Genesaré, narrada pelo evangelista Lucas no cap. VIII, vv. 22 a 25 , o qual transcrevemos a seguir:

“Certo dia, tendo tomado uma barca com seus discípulos, disse-lhes ele: Passemos à outra margem do lago. Partiram então. Durante a travessia, ele adormeceu. - Então, um grande turbilhão de vento se abateu de súbito sobre o lago, de sorte que, enchendo-se d’água a barca, eles se viam em perigo. Aproximaram-se, pois, dele e o despertaram, dizendo-lhe: Mestre, perecemos. Jesus, levantando-se, falou, ameaçador, aos ventos e às ondas agitadas e uns e outras se aplacaram, sobrevindo grande calma. Ele então lhes disse: Onde esta a vossa fé? Eles, porém, cheios de temor e admiração, perguntavam uns aos outros: Quem é este que assim dá ordens ao vento e às ondas, e eles lhe obedecem? ”

Tanto nessa, como em outras passagens do Evangelho marcadas pelos fatos prodigiosos do Mestre, tais como a questão das curas e outros fenômenos promovidos por Ele, trazem, segundo o entendimento das teologias tradicionais elementos caracterizadores dos chamados milagres, os quais a Doutrina Espírita nos esclarece não serem atos sobrenaturais, tampouco milagres, mas apenas a manifestação de um conhecimento imensurável de Jesus Cristo acerca das leis naturais.

Não obstante a importância desse aspecto no estudo do campo científico, é imperioso ressaltar que todos estes eventos trazem também, importantes ensinamentos no campo moral, que são perfeitamente aplicáveis a diversas situações da vida, em que se contextualizam.

Vivemos na atualidade momentos que variam da calmaria aos turbilhões avassaladores que balançam a "nave Terra", na sua travessia rumo a categoria de mundo de regeneração, estas mesmas tempestades, guardando as devidas proporções, refletem-se também na vida pessoal de cada um, balançando as estruturas morais e psicológicas do homem, são os momentos em que nos falece a fé.

Inúmeras vezes durante a nossa trajetória terrena a barca que conduz as nossas vidas é sacudida por ventanias e ondas que promanam dos nossos compromissos do passado e das nossas imperfeições morais que ainda teimam em subsistir, alimentadas pelas dificuldades que temos em nos reformar intimamente. São os filhos problemas, que constituem-se tormentas para pais aflitos e desesperados pelas situações e confusões de toda ordem, criadas por estes jovens descompromissados com valores morais, que em uma grande maioria dos casos não lhes foram ensinados.

São as enfermidades do corpo, que desestabilizam famílias inteiras em virtude, do despreparo de seus membros, ao se desesperarem perante a ameaça da morte ao abrir lentamente a suas asas sombrias, a envolver o enfermo, que em muitos casos malbaratou a saúde em virtude excessos cometidos, ou mesmo, que tal enfermidade constitui-se apenas na aplicação da lei de causa e efeito ou no cumprimento de compromissos já referendados pelo próprio espírito em momentos que precederam a sua reencarnação.

Sejam as dificuldades de natureza financeira, de natureza familiar, ou quaisquer outras, todas parecem a princípio ondas gigantescas a nos tragar as forças e a testar a nossa fé. Falta em nós a mesma confiança que faltou aos discípulos não apenas na passagem da barca, mas também na cura do lunático, na negação de Pedro e no ceticismo de Tomé. Em todos esses momentos o Mestre aproveitou o ensejo para nos ensinar a paciência e nos infundir confiança.

A passagem da barca traz em si, um simbolismo de rara beleza, que ilustra perfeitamente a trajetória do planeta e especialmente a nossa trajetória pessoal pois somos nós os habitantes da Terra, a barca que nos conduz tem como timoneiro o Cristo e como tripulantes os seus prepostos de luz, cabe a nós a confiança plena no timoneiro e em sua tripulação, trabalho e confiança traduzem-se em fé com obras, de tal sorte que diante das dificuldades passageiras o nosso desespero não nos impeça de ver, onde está a nossa fé.

Artigo publicado pela RIE – Revista Internacional de Espiritismo – MATÃO, janeiro 2005 – Editora: O Clarim - www.oclarim.com.br

Bibliografia sugerida
O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap 15 – Allan Kardec – FEB

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